Klaus Hart Brasilientexte

Náo nos é permitido pôr em dúvida a beleza das praias do Ceará. Ainda. Pois o contraste reside na forma escancarada pela qual a sujeira e a desproteçáo váo emergindo ao longo de um trajeto pela orla. Sáo cacos de vidro, manchas de piche pela areia, farrapos de corda, excrementos de animais e muito material plástico ao relento.

Em açáo combinada de arrogância e alienaçáo, reina o desrespeito de carros importados que percorrem, de janelas fechadas e em alta velocidade, a paisagem litorânea. Sáo os novos ricos, os ”filhinhos de papai que, de maneira deslumbrada, atentam contra a vida de quem, simplesmente, caminha a pés descalços pela areia ou toma banho de mar.

O que fazem as prefeituras dessas pequenas cidades com potencial turístico? Em relaçáo ao lixo nas praias: nenhuma carroça coletora, nem mesmo um simples aviso nas barracas de ”náo jogue lixo na praia. E o que dizer das construções de mansões, hotéis e condomínios sobre as dunas, nos conhecidos terrenos de marinha?

Pela falta de criatividade e dinâmica com que os prefeitos administram essas cidades, resta à populaçáo de pescadores e demais trabalhadores o papel de servir “ quase um resquício colonial.

Os turistas correm para nossas praias à procura do paraíso perdido. Estáo sempre em bandos como quem vai à caça. Dificilmente os encontramos com a família. Ao que parece, no item turismo, náo existe crise no decadente capitalismo. E nós, os nativos, por várias necessidades, inclusive a fome, fazemos qualquer negócio a preço de banana. Assim, as praias do Ceará, quiçá do Brasil, vivem dias alegres antes do apocalipse.

SARAIVA JÚNIOR
Auditor fiscal do Trabalho

http://www.hart-brasilientexte.de/2008/11/18/saraiva-junior-kolumnist-in-fortaleza-immer-mehr-obdachlose-auf-den-strasen-aber-die-regierungen-sind-eher-bereit-den-bankiers-mit-geld-zu-helfen/#more-1251